O referendo

Estou abismada com algumas declarações acerca do referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez. Não por serem novas, é precisamente por serem antigas, o que demonstra a evolução e coragem deste povo, quando é chamado a avançar.

Laurinda Alves, uma mulher que sempre considerei esclarecida, moderna e inteligente, intrega um grupo a favor do "Não".

As explicações dadas pela jornalista, são tão falhas como as dos padres aos seus acólitos.

Será que esta mulher está mesmo convencida de que a despenalização do aborto irá funcionar como um meio contraceptivo? Não acredito! Ela sabe é que dizendo barbaridades destas consegue manipular e impressionar algumas pessoas.

Nunca esteve em causa, o planeamento familiar e o acompanhamento gratuito através do SNS. Ninguém disse que depois do referendo ser aprovado. se retirariam todos os meios contraceptivos do mercado ou que os mesmos deixariam de ser comparticipados, porque as mulheres passariam a abortar, sempre que lhes desse na real gana.

Nada disso! o que está em causa é a segurança e a despenalização de um acto, a que muitas mulheres têm e tiveram de recorrer em todos os ciclos da Humanidade.

Não me venham dizer que só fica grávida quem quer!

Existem mulheres que não podem tomar a pílula, não podem usar Diu, ou que os maridos, se recusam a que usem qualquer tipo de anti-concepcional.

Existem as violações, as adolescentes despertam para o sexo muito mais cedo do que antigamente, sem que tenham a noção das consequências , os métodos anti-concepcionais não são totalmente seguros. Enfim, são tantas as situações com que a mulher se depara, que seria exaustivo enumerá-las aqui todas.

Gostava que as Laurindas Alves deste País me dissessem que ficariam com todas as crianças, nascidas de mães que não têm o mínimo de condições para criar uma criança, e que a fome, a miséria e a ileteracia, são palavras eliminadas do nosso léxico, por terem deixado de ter aplicação prática.

Chega de julgar, quem sempre foi julgado e aprisionado pela vontade do homem.

A todas as mulheres, apelo à coragem de dizer "Sim", por uma liberdade que lhes assiste e "Não" . aos falsos moralismos e à hipocrísia!

Melody